A Inteligência pode ser entendida como processo, como produto – o conhecimento –, como uma atividade humana e mesmo como arte.
Como processo, a Inteligência é um monitoramento ambiental, permanente, no qual se identifica e se observa o comportamento dos fatores (variáveis) internos e externos à organização, que, de alguma forma, impactam-lhe podendo causar-lhe algum dano ou permitir o aproveitamento de oportunidades.
Como produto, Inteligência é o conhecimento que permite a decisão e dá suporte ao planejamento.
Como atividade, compreende o conjunto de ações realizado para o alcance de objetivos.
No ambiente atual de negócios, sejam eles de que natureza forem, o gestor ou o tomador de decisões necessita, antes de decidir e agir com oportunidade, ter em mente quatro aspectos.
- Conhecer o ambiente em que atua.
- Identificar os parâmetros que regem esse ambiente e seus atores.
- Conhecer os adversários e os parceiros.
- Antecipar as possibilidades de evolução das várias situações (conjuntivas) presentes.
Conhecer o ambiente em que atua
Devem ser conhecidos o ambiente externo e o ambiente interno à organização.
No ambiente externo à organização, significa conhecer os seguintes fatores.
- Fisiográficos (localização, dimensões, clima, acidentes naturais, infraestrutura natural e construída etc.).
- Psicossociais (como são as pessoas, o ambiente em que vivem, os mercados a que recorrem, as instituições sociais que as abrigam e regem, as condições de educação, saúde etc.).
- Políticos (como o povo está organizado, o território, as instituições políticas, o aparato legal, a segurança institucional etc.).
- Econômicos (como são e estão os recursos humanos, materiais, a solidez das instituições econômicas, quais as perspectivas de emprego etc.).
- Científico-tecnológicos (recursos humanos capacitados, recursos materiais disponíveis ou potenciais, investimentos, grau de avanço, infraestrutura, proteção legal, instituições científico-tecnológicas etc.).
- De defesa ou segurança (estado em que se encontram as forças de defesa e segurança, investimentos realizados nelas, seus recursos humanos e materiais, solidez das instituições, confiabilidade, área de atuação e competências, relacionamento entre elas etc.).
Quanto ao ambiente interno, significa saber a missão da empresa, a visão das lideranças, os valores e princípios pelas quais é regida; conhecer os pontos fortes, os fracos, as ameaças e as oportunidades à organização; entender o mercado sob a ótica do empreendedor e o posicionamento da empresa nele; entender as implicações da sua localização; avaliar suas vulnerabilidades, o comprometimento dos colaboradores etc.
Os parâmetros
Significa entender as regras explícitas e implícitas do jogo do qual se vai tomar parte. Entender os sistema legal que rege a sociedade.
Os parâmetros (ou paradigmas) em geral são fatores limitadores. Quando bem definidos e entendidos, auxiliam a gestão, especialmente a segurança. O conhecimento dos parâmetros é fundamental para trabalhar na legalidade e dentro da ética e da moralidade.
Eles têm muita relação com os valores, princípios e a conjuntura vivida por essa sociedade.
Conhecer os adversários e os parceiros
Quando se pensa em conhecer parceiros e adversários, pode-se estabelecer duas visualizações: as ameaças representadas pela competição normal no mundo dos negócios e aquelas perpetradas por atores do crime.
A Inteligência pode dar suporte a ambas as situações.
Na introdução a este trabalho, verificou-se que podemos visualizar dois tipos básicos de atuação no chamado mercado: o das organizações que disputam dentro das regras da moral, da ética e da legalidade e um outro tipo que “joga duro“ e, quando não infringe as regras, age no limite delas.
A Inteligência é uma excepcional ferramenta para empreender o acompanhamento das entidades parceiras e concorrentes no mercado ou ambiente de atuação da organização.
Não é preciso infringir preceitos legais, éticos e morais para isso.
Atualmente mais de 90% dos dados de que se necessita para empreender análises e produzir conhecimentos podem ser obtidos nas chamadas fontes abertas (guarde esta expressão), acessíveis a processos de coleta de dados bem estruturados.
O conhecimento dos parceiros e adversários refere-se a seu comportamento, se dentro das regras ou do jogo duro, recorrência a demandas judiciais, de maneira como dispostas por segmentos de mercado, quanto às políticas de lançamentos de novos produtos e de importações, se contam com processos de Inteligência, mesmo que a chamada competitiva e etc. É oportuno lembrar que competição também gera ameaças.
Quando se opera com as ameaças representadas por criminosos, estruturados ou não, deve-se pensar que, de certa forma, eles são concorrentes da segurança. Assim, o monitoramento do ambiente deve revelar o comportamento das organizações criminosas (mesmo de indivíduos que as integram), suas identidades, modus operandi, pontos de interesse, histórico de incidência de ataques e outros dados avaliados como significativos. Importante também, especialmente para o ramo da Contrainteligência (a ser conceituado oportunamente), é a análise das vulnerabilidades da organização e a ação delituosa sobre elas. Lembre-se de risco é igual a ameaças versus vulnerabilidades.
Antecipar a evolução das situações
Um processo de Inteligência deve ser capaz de produzir avaliações a respeito da evolução das muitas e variadas situações que impactam diuturnamente as organizações.
Não se trata, evidentemente, de bola de cristal ou de qualquer outro meio de adivinhação. Intenta-se a análise, com base no raciocínio lógico, do comportamento das variáveis identificadas em seu passado, no presente e possibilidades e/ou probabilidades no horizonte temporal que se decidiu como adequado. A Técnica de Cenários é excelente para esse intento.
Trata-se de desenvolver a visão estratégica de caráter prospectivo, que permita visualizar tendências, identificar consequências, reflexos e repercussões de fatos atuais sobre as atividades futuras da organização.
A pergunta é: o que significa isto?
Apreciações, Estimativas e Cenários
São conhecimentos de Inteligência úteis nessas oportunidades. Voltar-se-á a este assunto oportunamente.
Assim, deve ficar claro que qualquer gestor, o de segurança mais ainda, está diante de um universo de estímulos de grande dificuldade de solução, caso não disponha de suporte em conhecimentos oportunos e precisos.
É nesse macroambiente que os processos de geração de conhecimentos proporcionados pela Inteligência são úteis.